O Que se Conta Daqui...

Pra quem gosta de escutar ou criar causo... Bem vindos! Tatiana Baruel e Érica Turci

Minha foto
Nome:
Local: São José dos Campos, São Paulo, Brazil

quarta-feira, novembro 08, 2006

Festas na Roça


Mas nem só de enterro vivia o povo da roça. Antigamente existia muita festa também, uma delas era a da carpição.

Os fiéis comemoravam a Festa da Carpição em mais de uma igreja. Uma bem conhecida era a da igreja dos Remédios, que fica na divisa de Guararema, na mesma região onde morou o Bartolomeu do sal.

A Carpição de Santana, que também era famosa, acontecia toda primeira segunda-feira de agosto. Nessa data, o povo da roça não trabalhava porque era o dia inteiro de reza e de festa.

As romarias vinham de todos os cantos, em charretes e carros de boi enfeitados com flores e fitinhas coloridas. O povo chegava com roupa de missa e descalço. Ninguém dava importância pra sapato na roça e quem tinha guardava pra ir à cidade. Já um terninho, todos os homens tinham.

Cada família levava o que queria, frango, paçoca, biscoito e todo mundo comia à vontade.

A carpição era para pagar promessa. As pessoas cavocavam a terra, colocavam um punhadinho num pano e levavam pra outro canto, faziam isso três vezes. Quando a pessoa estava doente, amarrava um lencinho com a terra e colocava em cima do lugar dolorido.

O povo não sabe direito como começou essa festa, mas dizem que foi invenção de gente graúda que queria empregado para carpir a terra.

Alguns contam que existia uma fazenda com um desbarrancado e que o dono queria aterrar uma várzea, por isso, ele inventou a festa pro povo baldear a terra de um lugar pra outro.


Festa de São Benedito tinha muito naquele tempo, na roça e na cidade. E era tradição os devotos dançarem congada, moçambique e distribuírem doce pra todo mundo.

Outra festa que o povo fazia era a de São Gonçalo, que existe até hoje. Dizem que São Gonçalo era um santo muito festeiro, por isso, o povo paga promessa pra ele dançando.

A cantoria e a dança varavam a noite, enquanto os violeiros tocavam, os fiéis batiam as mãos e os pés. Nas paradas era servido biscoito e café adoçado com rapadura.

No altar de São Gonçalo sempre tem São Benedito, dizem que eles são santos “compadres”. Se numa festa de São Gonçalo fechar o tempo, é só colocar o São Benedito no altar que o céu abre de novo.