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Pra quem gosta de escutar ou criar causo... Bem vindos! Tatiana Baruel e Érica Turci

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quarta-feira, novembro 08, 2006

A Padroeira e o Divino


No começo de 1900, as maiores festas de Jacareí eram a da Padroeira e a do Divino.

A Festa de Nossa Senhora da Imaculada Conceição era muito bonita e durava dez dias. O povo da roça vinha a pé para cidade, cada um com seu par de sapatos pendurado nas costas. Quando o sujeito estava chegando, ele calçava o par e só tirava no último dia de festa.

Toda noite tinha reza e festa no Largo da Matriz, com comida, música e leilão de prendas.

No dia da Padroeira, oito de dezembro, saía a procissão com os fiéis, as mulheres com véus na cabeça e as crianças vestidas de anjinhos.

Naquela ocasião, namorar era só com os olhos, mas a moçarada da cidade e da roça aproveitava esses momentos para paquerar e passear.

Muitos pais não deixavam as filhas se divertirem à noite, elas só podiam participar da novena e da procissão. Mas a santa acabava ajudando e a verdade é que desta festa saiu muito casamento.

A Festa do Divino, a mais animada de todas, geralmente caía no mês de maio e durava oito dias.

Nos sete primeiros dias tinha reza e cantoria dos músicos que percorriam as casas tocando viola e tambor, arrecadando prendas. Depois da reza, o povo ia pras festas do Largo da Matriz, que tinha barraquinhas de comida, brinquedos pra criançada e a Banda Velha no coreto.

No penúltimo dia da festa, os fazendeiros e os festeiros doavam alimentos, principalmente carne, sal, arroz e feijão. Os carros de bois saíam pelas ruas da cidade enfeitados com bambus, flores e bandeirinhas e distribuíam todo tipo de comida pra quem necessitasse. Era uma fartura.

O desfile seguia com a banda de música e terminava na cadeia com a distribuição de alimentos para os presos.

Depois disso, começava no Largo do Bonsucesso o leilão de prendas e garrotes arrecadados durante a semana.

No último dia da festa saía a Procissão do Divino, apinhada de fiéis e ao som do foguetório. Quando acabava a procissão, o festeiro servia um jantar para a população e anunciava o festeiro do ano seguinte. Então, a festa continuava com música e comilança, era bolinho com dobrado, caldo de cana com polca e sorvete com valsinha.