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quarta-feira, novembro 08, 2006

O trem, o colégio e a luz


Mas as maiores festas da época aconteciam na cidade. E não era só festa, naquele final de 1800, Jacareí também vivia um período de muita prosperidade e agitação.

O trem chegou aqui em 1876 e a diversão de todo mundo era ver a Maria Fumaça passar.

O Largo do Bonsucesso podia estar lotado, mas quando o povo ouvia o apito conhecido, todo mundo corria pra estação. Não tinha quem não vibrasse ao ver as locomotivas gigantes chegando, soltando aquela fumaceira e trazendo os passageiros de outras cidades.

O bairro do Caldeirão Queimado ganhou esse nome porque as mulheres de lá deixavam a comida no fogão a lenha e saíam correndo para ver o trem, quando elas voltavam estava tudo queimado, comida e caldeirão.

Assim como o Saci tinha vários assobios, o trem também tinha vários tipos de apito e nunca passava batido. Sua chaminé baforava notícias, alegrias e saudades.


Em 1893 foi fundado aqui o Colégio Nogueira da Gama, que na época só não era melhor que o Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro.

A fama do Nogueira da Gama fez Jacareí ser conhecida como “Atenas Paulista” e atraiu alguns alunos ilustres, como o poeta Cassiano Ricardo. O colégio era tão chique que tinha até um viaduto ligando os dormitórios dos estudantes ao prédio da escola, e isso foi feito para impedir os moços de saírem na rua.

A luz elétrica veio em 1895 e Jacareí foi a primeira cidade do Vale do Paraíba e a sétima do Brasil a ter iluminação. Mas no começo, só as ruas do centro tinham luz elétrica, as dos bairros continuaram com lampiões de querosene e lamparinas.

Durante um tempo foi assim, todos os dias, às seis da tarde um funcionário da “Companhia de Força de Luz Jacareí-Guararema” passava de bicicleta acendendo as lâmpadas elétricas do centro e às seis da manhã ele vinha apagando, uma por uma.